PS: PS: A polícia é do Paraná!! Quem governa o paraná??? Deve ser o PT, não é?
Pelo
menos cinco jornalistas do Paraná que participaram de reportagens sobre
irregularidades na polícia foram intimados pela corporação a prestarem
depoimentos sobre suas apurações. Segundo o Sindicato dos Jornalistas do
Paraná, os profissionais foram intimados a falarem sobre suas fontes,
tanto pela Polícia Militar quanto pela Civil.
De acordo com a Associação Brasileira dos
Jornalistas Investigativos, a polícia do Paraná está, há dois anos,
tentando identificar as fontes de pelo menos cinco jornalistas que
cobrem segurança pública no Estado. Os profissionais têm sido chamados
desde 2013 para prestar depoimentos, como testemunhas, em diversos
inquéritos e procedimentos. O interesse dos investigadores, no entanto,
não é apurar os malfeitos apontados pelos repórteres dentro da
corporação, mas tentar identificar a fonte das informações publicadas
nas reportagens.
Segundo denúncia da Abraji, publicada
nesta terça-feira (7), os repórteres da Gazeta do Povo Felippe Aníbal,
Diego Ribeiro, Albari Rosa e Mauri König estiveram diversas vezes tanto
no quartel da Polícia Militar quanto em delegacias. São testemunhas
tanto em processos que apuram as irregularidades publicadas na série de
reportagens “Polícia Fora da Lei” quanto em procedimentos para
investigar quem são os policiais informantes. Os jornalistas estimam
que, somando-se todas as intimações, já foram interrogados ao menos 20
vezes – e em oitivas no mínimo heterodoxas.
A Abraji afirma que na maioria dos casos,
os repórteres foram ouvidos na presença dos agentes denunciados nas
reportagens. Em uma ocasião, o jornalista Felippe Aníbal se recusou a
assinar seu depoimento por julgar que a redação não fora fiel a suas
declarações e que o texto abria margens para questionamentos. Apenas
após a intervenção do advogado da Gazeta do Povo o delegado responsável
aceitou fazer as emendas propostas. Houve casos em que o agente suspeito
de ser o informante é chamado à sala do interrogatório e apresentado ao
jornalista, para ser identificado.
A Polícia Civil também tentou descobrir
as fontes da repórter Lina Hamdar. Em 2013, quando trabalhava no jornal
Metro de Curitiba, Lina foi chamada a depor na sede do TIGRE (grupo de
elite da Polícia Civil do Paraná) e pressionada a revelar suas fontes.
Os investigadores procuravam o responsável pelo vazamento de escutas
telefônicas da médica Virgínia Soares Souza, acusada de matar pacientes
na UTI de um hospital de Curitiba.
Os casos se inserem num contexto de
animosidade nas relações da imprensa com as polícias do Paraná. Em
janeiro deste ano, um repórter de televisão foi preso durante
transmissão ao vivo após reclamar por ser retirado de uma área restrita.
No mesmo mês, um colunista da Gazeta do Povo se envolveu numa discussão
via redes sociais com o secretário de Segurança Pública. Em 2012, o
repórter Mauri König chegou a deixar o país após avisos de que policiais
metralhariam a casa em que vivia com a família.
A Abraji repudia a tentativa das polícias
Civil e Militar de romper um dos pilares da liberdade de imprensa e da
própria democracia: o sigilo da fonte. Constranger jornalistas da
maneira como as corporações têm feito é atentar diretamente contra a
imprensa brasileira e contra o direito de saber de toda a sociedade. A
Abraji acredita que as polícias devem dedicar seu tempo e efetivos a
identificar e punir os agentes cujas contravenções foram alvo de
reportagens – e não os informantes que permitiram aos repórteres
executar suas pautas.
Ao jornal Folha de S.Paulo, a Secretaria
de Segurança Pública do Paraná disse que irá orientar as polícias a não
questionar os profissionais sobre suas fontes e que “repudia” qualquer
tentativa de “intimidação e constrangimento a jornalistas e cidadãos que
denunciem atos ilícitos”. De acordo com a secretaria, a presença dos
denunciantes ajuda na apuração do caso, o que justifica a convocação dos
repórteres. A nota reforça, porém, que é “irrelevante saber da autoria
das notícias”, e que não há necessidade de “questionamentos sobre as
fontes do profissional de imprensa”. “A investigação deve se restringir
ao fato, e não ao denunciante.” A secretaria ainda afirma que “defende a
liberdade de expressão, a transparência e o pleno trabalho dos
jornalistas”. Para a pasta, a imprensa é “parceira” e desempenha “um
imprescindível serviço a favor da sociedade”.
(Com informações da Abraji e da Folha de S.Paulo)
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