sexta-feira, 12 de junho de 2015

A Questão do negro não se dá e nem se resolverá "naturalmente".

As divisões e intolerâncias são instrumentos de manutenção de poderes da minoria sobre a maioria.
Sou resistente a expressão "pensamento natural", mas compreendo o contexto, como está inserido na análise de Fernando Brito.
Venho me perguntando constantemente: ---- O que é ser negro no Brasil?

Este Post abaixo   mais o Congresso do PT, o governo e os herois no couro dos outros" ( Ambos de Fernando Brito )  dão pistas sobre questões polêmicas e mais complexas. algumas: "A política lida com a realidade, com o objetivo essencial da mantê-la ou mudá-la." e  quando diz "Vivemos uma ofensiva conservadora como poucas vezes se viu neste país e não se a vai furá-la com radicalização vazia, aquela que não pode se transformar em atos senão de desespero ou se tornarem resposta à frustração de militâncias.
É preciso cuidado para, até com as melhores intenções – daquelas que minha avó dizia estar cheio o inferno – não transformar a crítica em uma contrafação da esquerda, que acaba se encontrando, na prática, com a “onda” da direita."
Tais afirmações servem como referências importantes sobre a questão do negro no Brasil. Mas, esta questão não se dá "naturalmente"; E nem se resolverá naturalmente;  ... ---- Geraldo Jr.

Porque o “socialismo moreno” é um pensamento natural e necessário no Brasil

11 de junho de 2015 | 14:22 Autor: Fernando Brito
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O Pew Research Center, um dos mais respeitados institutos de pesquisa dos EUA, divulga hoje a Reuters, registra que o número de pessoas que se assumem como mestiços nos Estados Unidos  está subindo.
Mas são apenas 7% do total os que se declaram assim.
80% dos norte-americanos são, segundo o censo, brancos.
Sabe quantos brasileiros se declaram – veja bem, se declaram – negros ou mestiços, segundo o censo de 2010?
97 milhões de brasileiros, ou 50,7 % da população de então, se definem como negros ou mestiços.
E 91 milhões, 47,7% da população, se definem como brancos.
O do censo de  2000, os brasileiros que se definiam como brancos era de 53,7%%. E a parcela de pessoas se declarando negras ou mestiças cresceu de 44,7% para aqueles 50,7%.
Isso não quer dizer que o Brasil não tenha racistas, muito ao contrário.

Mas quer dizer que o racismo, além de monstruoso em si, aqui também quer dizer exclusão da maioria e que ele, como a exclusão, vem caindo onde importa mais que caia: na identidade com que nos vemos.
O resto é questão de tempo e de políticas públicas. Um e outro deveriam andar mais rápido, mas inexoravelmente, andam.
A civilização interracial (o que é um pleonasmo, afinal) é a única possível aqui.
E mostra, também, o quanto estamos avançando e podemos avançar com um esforço afirmativo, sobretudo se ele é feito também de forma positiva, muito mais do que com o reverso da intolerância, intolerante também e tosco.
A divisão das pessoas por qualquer critério só serve ao atraso, ainda que seja, na intenção, a afirmação de um grupo (e obvio que  não se está falando da preservação da cultura étnica ou de imigração).
A fórmula da intolerância, aliás, só serve aos discriminadores e aos reacionários, mesmo quando feita com um fundamento aparentemente libertário.
Porque ela ajuda a gerar boçalidades como as que temos visto por aí.
Tempos atrás, abordando a surpreendente votação de quase meio milhão de votos de Jair Bolsonaro, perguntei a quem serviria a “ultra-radicalização”.
Está claro que só aos intolerantes de todos os matizes, que não conseguem enxergar ou temem a  vasta e vária natureza humana e entender que não há coisa de que morra mais o preconceito do que de velho e imprestável à nossa realidade.
Cabe todo mundo no conceito de socialismo moreno: branco, negro, mulato, índio, japonês e católico, evangélico, ateu ou budista. Cabe quem tem identidade de gênero hetero ou homossexual.
A única regra é reconhecer-se com um ser humano igual, para além de todas as diferenças, e por isso ser respeitado e respeitar o outro.
Os pretensiosos sempre atribuíram à “tolerância” brasileira – seja a verdadeira ou o mito – a ideia de inferioridade e dissolução moral.
Não é, é o contrário.
É civilização. E bem aqui, nos trópicos, onde todos fervemos juntos num grande caldeirão.




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