Do Blog de Rodrigo Vianna
por Rodrigo Vianna
O ministro Luiz Edson Fachin,do STF, suspendeu o processo de
impeachment. Não chegou a cancelar as decisões atabalhoadas (e algumas
claramente ilegais) tomadas por Eduardo Cunha e sua tropa de choque.
Mas, na prática, tudo fica suspenso até dia 16, quando o plenário do
Supremo tomará a decisão final.
A decisão saiu no fim da noite de terça-feira, após mais um festival
de chicanas e ilegalidades comandadas por Cunha. Depois de aceitar a
inscrição de chapas avulsas para a Comissão do impeachment, ele tomou a
decisão monocrática de que a votação fosse secreta – numa clara afronta à
lei.
Em plenário, em meio a confrontos quase físicos, o governo sofreu uma
derrota preocupante, mas não desastrosa: conseguiu reunir 199 votos,
contra 272 da chapa apoiada por Cunha e o PSDB. Para barrar o
impeachment, são necessários 172 votos. Em teoria, portanto, Dilma segue
na luta. Mas o governo mostra imensas dificuldades em parar de pé.
Diante disso, a decisão do STF é vista por alguns como derrota de Cunha e do PSDB. Será?
De um lado, sim. Os tucanos percebem que o impeachment não será um
passeio no parque. Vão arrastar o país para uma aventura. Se o PT está
carimbado por tantos erros, o PSDB sairá dessa luta carimbado como
partido irresponsável e golpista.
Mas e Cunha? A decisão do STF, mandando parar a bagunça, é mesmo
derrota pra ele? O que Cunha pretende não é justamente criar um
emaranhado, um labirinto do qual ele consiga sair ileso, em meio à
confusão?
Nesse sentido, a decisão do STF ajuda Cunha a ganhar tempo.
O STF, por um lado, bota um freio de arrumação nas ilegalidades
cometidas por Cunha. De outro, o processo se atrasa, contrariando a
vontade do governo, que gostaria de ver tudo decidido até inicio de
janeiro. Já está claro que não será assim…
Enquanto Cunha presidir a Câmara, o Brasil estará sequestrado por um
parlamentar que age feito cafajeste: vira o rosto quando seus oponentes
falam, corta microfones, põe seguranças em plenário.
Jamais (nem em 1964, quando os deputados decretaram vaga a
presidência, ajudando os militares a desfechar o golpe contra Jango), a
Câmara esteve dominada por um grupo tão abjeto: Cunhas, Paulinhos,
Felicianos, Bolsonaros. Eles dão o tom. Eles ajudam a gerar, no povo,
uma dúvida: é essa a tropa que quer derrubar Dilma? Essa malta?
No labirinto do impeachment promovido por Cunha, Temer se desmoraliza
e o PSDB também se enreda. Reparem que Cunha de novo levou Carlos
Sampaio e sua trupe a uma constrangedora parceria. O PSDB, em nome da
ética, se alia ao homem das contas na Suiça. Os tucanos se desmoralizam,
colados a Cunha.
Se no dia 16 o STF não interromper definitivamente o show de horrores
na Câmara, o país pode caminhar para um enfrentamento fora das
instituições. Não estamos longe disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário